quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Poesia em forma de protesto de Ferreira Gullar

Boa tarde Pessoal eu resolvi colocar no nosso blogger este poema, porque ele retrata infelizmente a nossa realidade.
Não há vagas
O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabem no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do acúcar
do pão.
O funcionário público
não cabem no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
- porque o poema, senhores,
está fechado : "não há vagas"
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema,senhores,
não fede
nem cheira
(Ferreira Gullar)

Nenhum comentário:

Postar um comentário