quarta-feira, 11 de novembro de 2009

WEB QUEST - CRÔNICA.

WEB QUEST
Nome do professor: Leandro Rodrigues Martins
Data: 11/11/2009
Previsão: Três horas aulas
Assunto: Crônicas
Atividade para ser desenvolvida com jovens da 7º série do Ensino Fundamental
Escola: Pública Estadual
Objetivos imediatos: levar os alunos ao conhecimento, em específico, das características do gênero literário crônica e também leitura.
Itens a serem estudados: A crônica e seu significado, tipos de crônicas, a crônica como obra brasileira, conceito e estrutura, características das crônicas e linguagem das crônicas.
Procedimento de ensino: Tenho em mente fazer uma aula inicialmente expositiva e individual. E ir com meus alunos até a biblioteca a fim de conhecer livros escritos por cronistas brasileiros.
Recursos: Por se tratar de uma escola pública, onde não existem tantos recursos visuais tecnológicos disponíveis ou de fácil acesso, utilizaremos também jornais, livros e revistas que se encontram na biblioteca onde possamos facilmente encontrar crônicas.
Avaliação: Após a explicação em sala do gênero literário crônica e as pesquisas feitas na biblioteca será selecionada, por mim no final da aula uma crônica que será lida e em seguida aplicado aos alunos exercícios de fixação baseados em todo o conteúdo da aula.

Apresentação: A crônica e seu significado

Desde os tempos mais remotos da humanidade, tendo o homem desenvolvido a escrita, começaram a surgir as primeiras literaturas.
Provavelmente a crônica seja a mais primitiva delas, pois tratava-se inicialmente de relatos narrativos sobre as guerras entre os povos da antiguidade sem a interferência crítica do cronista em suas produções; nascia deste modo esse tipo de produção literária que ao longo dos séculos passou por aperfeiçoamentos até que no final da Idade Média veio a ser denominada como História.
Hoje a crônica não mais é caracterizada como antigamente porque a partir do século XIX, beneficiando-se da ampla difusão da imprensa, época em que fez sua aderência ao jornal começava em Paris na França a disseminação deste gênero literário.
Do outro lado do Atlântico mais precisamente no Brasil, começou largamente ser utilizado inclusive por vários escritores renomados como José de Alencar, Machado de Assis, João do Rio, Raquel de Queirós, Carlos Drummond de Andrade, Olavo Bilac, Domingos Pellegrini, Rubem Braga e Sergio Porto.

Tipos de crônicas

Esse gênero ganhou uma nova interpretação que se manifesta na forma de textos polimóficos tais como:
· Uma narrativa que representa acontecimentos fictícios sobre o cotidiano das pessoas de forma irônica;
· Uma biografia, em geral escandalosa de uma pessoa;
· Uma descrição (resenha) de algum fato relevante, numa determinada seção de um jornal que contém comentários literários e científicos.
Por possuir tais aspectos, podemos entender que a crônica faz parte da literatura do nosso dia-a-dia e assim merecedora de nossa atenção como objeto de estudo.

A crônica como obra brasileira

A crônica seria uma expressão literária tipicamente brasileira? É uma questão provocadora de muitos debates entre intelectuais. Sabe-se que sua origem está na França entretanto nunca se desenvolveu por lá; foi aqui no Brasil diretamente na cidade do Rio de Janeiro que seu sucesso e sentido veio a ser de fato divulgado graças a veiculações feitas em conjunto com jornais e revistas.

Conceito e estrutura

A crônica por ser publicada em jornais e revistas passou ao longo dos anos por alguns questionamentos por parte de alguns críticos literários acerca de sua durabilidade, enquanto literatura, ser ou não permanente.
Sua constante publicação nestes meios de comunicação ao mesmo tempo em que lhe conferiam importância, serviam também para sua banalização, pois o leitor passava a encará-la como uma notícia qualquer, cujo valor se reduz simplesmente no dia em que é publicada perdendo sua importância após esta data, ou seja, se por um lado a torna popular, por outro a desvaloriza, pois provoca seu esquecimento. Entretanto visto a crônica ser uma obra literária publicá-la nestes veículos de comunicação lhe traz esta inconveniência difícil até mesmo de ser superada e para minimizar tal prejuízo (porque a crônica tem um caráter diferente de uma produção jornalística) é necessário então a reunião de coletâneas mais aplaudidas capazes de produzir um livro digno de se passar por processo de crítica.
Portanto a crônica é por natureza uma estrutura limitada, não apenas exteriormente, mas, e acima de tudo, interiormente.

Características das crônicas

A crônica apresenta algumas características específicas:
· Brevidade, ou seja, constitui-se de um texto de tamanho pequeno;
· A subjetividade, o cronista se expressa pessoalmente de acordo com suas idéias, paradigmas, juízos e assim cria no leitor uma afinidade com o seu texto.
· O diálogo geralmente entre duas ou mais pessoas;
· Estilo é o elemento indispensável em toda a crônica sempre presente.

Linguagem das crônicas

Geralmente as crônicas se apresentam como textos cuja linguagem se expressa de forma direta, espontânea, jornalística, de mediata compreensão.
O cronista se aproveita de acontecimentos do cotidiano como um estímulo para sua produção; na crônica não há espaços para fantasias, fábulas e demais classificações imaginarias que fogem a realidade.
Nunca a inspiração do escritor produz uma crônica, mas sim o que a evidencia é seu estilo que nada mais é do que a visão do mundo daquele que a escreve; sendo assim o que nutre a crônica, a saber, o estilo ao mesmo tempo a constrói também a destrói porque tal qual jornal ou revista para o qual é escrita se passa como uma literatura cuja leitura momentânea cai logo no esquecimento tal qual as notícias do jornal.
Portanto a crônica por mais que seja lida, admirada, reunida em livro com o propósito de ser perpetuada seja por seus leitores ou autores, nunca será considerada um clássico, pois sabe-se que seu futuro é comprometido e todo o esforço como para preservar crônicas velhas editadas em jornais terá como resultado uma classificação como que um túmulo bem enfeitado. Tal resultado em nada soará bem aos ouvidos de seu produtores.

Conclusão

Sintomático desse sucesso de curto tempo de tempo de durabilidade de uma crônica e o esforço por perpetuá-las, a experiência do cronista é tentar separar dos seus muitos textos escritos os melhores a fim de tentar promover a precária sobrevivência destes.

Cada pergunta!
Domingos Pellegríni

A menina brinca no tapete, parecendo nem ouvir o telejornal, mas, quando começa o intervalo, levanta a cabeça:
Pai, que que é corrupção?
O pai e a mãe se olham, o pai suspira e diz:
Bem, corrupção... não é coisa pra gente da sua idade,né.
Claro que é diz a mãe. Responde direito e, se criança pergunta, é porque quer resposta.
Bem pigarreia ele , corrupção é... por exemplo roubar dinheiro do governo, que é dinheiro de todo mundo.
E como é que a corrupção rouba dinheiro do governo?
O pai explica que quem rouba não é a corrupção, é o corrupto, é alguém, ou melhor, é muita gente que rouba o governo:
Por exemplo o funcionário que desvia dinheiro do governo. Ou o deputado que vende o voto dele lá no Congresso. Ou o juiz que emprega parentes nos gabinetes de outros juizes, em troca de empregar os deles. Ou o empresário que paga para ganhar concorrência das obras do governo. lh, filha, tem tanto jeito de roubar o governo, não é, mulher?
É, e o seu pai também rouba o que pode quando faz declaração de imposto de renda.
Volta o telejornal e a menina volta a brincar, eles voltam a ver as notícias. Novo intervalo, ela de novo ergue a cabeça.
Por que o dólar sempre sobe e o real sempre cai?
O pai suspira fundo e, com voz monótona, compara os Estados Unidos e o Brasil, as diferenças de colonização, Inglaterra e Portugal, e as diferenças geográficas, climáticas, culturais, mas a mãe diz que não é por nada disso:
Acho que é porque eles são um povo menos corrupto, filha.
Então o povo também é corrupto, mãe?
E você acha que tinha tanta corrupção se o povo não fosse corrupto?
Você vai fundir a cabeça da menina diz o pai. Isso não é conversa pra criança. E, além disso, hein, cada pergunta!
Por isso mesmo é preciso responder.
Volta o telejornal, e depois do intervalo a menina volta a perguntar:
E o que é impunidade?
Essa eu mato fácil o pai esfrega as mãos. Impunidade é quando você comete um crime e não é preso.
E só tem tanta corrupção emenda a mãe - porque tem muita impunidade, ninguém denuncia, entendeu?
Ela de novo volta a brincar, mas antes de mais um intervalo, vai até diante da mãe:
Então você acha que, para acabar com a corrupção, a gente tinha de contar que o pai rouba no imposto?
O pai pula da poltrona:
Tá vendo?! Criança delatando o pai só mesmo na Alemanha nazista! Eu falei que isso não era conversa boa! Mas você e sua educação moderna!...
Sai batendo a porta, a mãe solta longos suspiros.
Que que eu falei de errado, mãe?
Nada, filha, nada. Mas você faz cada pergunta!...

Bibliografia: PELLEGRINI, Domingos. Ladrão que rouba ladrão. São Paulo. Ática, 2002, p.26 7.
Questões
1. Explique com suas palavras o que é Crônica.

2. Assinale abaixo a lacuna que corresponde com nomes de cronitas brasileiros.
( ) Ignácio de Loyola, Beto Carreiro e Patativa do Assaré.
( ) José do Muro, Marcelo Antunes e Julio Gomes.
( ) Carlos Drummond de Andrade, Domingos Pellegrini, Machado de Assis, João do Rio e etc.
( ) Olavo Bravac, Suelem Rodrigues, Irineu Lopes

3. A Crônica “cada pergunta” de Domingos Pellegrini relata um diálogo entre uma menina e seus pais em que esta indaga o significado de palavras que tinha acabado de ouvir no noticiário televisivo. Constrangidos pela dificuldade de respondê-las a altura do entendimento infantil, acabam por se revelarem também participantes das mesmas coisas denunciadas por aquele noticiário em seu cotidiano. O que o pai daquela criança fazia?

4. Como é chamado hoje o que se denominava Crônica na antiguidade?

5. Qual o país Crônica se originou? Onde encontramos em grande quantidade esse gênero literário presente?

6. A crônica é um texto de caráter perpétuo? Explique.

Questões
(respostas)
1. Explique com suas palavras o que é Crônica.
Resposta sugerida: Consiste em uma produção literária, cujo valor é comentar coisas do cotidiano, geralmente associada a fatos ou comportamento de pessoas.

2. Assinale abaixo a lacuna que corresponde com nomes de cronitas brasileiros.
( ) Ignácio de Loyola, Beto Carreiro e Patativa do Assaré.
( ) José do Muro, Marcelo Antunes e Julio Gomes.
(X) Carlos Drummond de Andrade, Domingos Pellegrini, Machado de Assis, João do Rio e etc.
( ) Olavo Bravac, Suelem Rodrigues, Irineu Lopes

3. A Crônica “cada pergunta” de Domingos Pellegrini relata um diálogo entre uma menina e seus pais em que esta indaga o significado de palavras que tinha acabado de ouvir no noticiário televisivo. Constrangidos pela dificuldade de respondê-las a altura do entendimento infantil, acabam por se revelarem também participantes das mesmas coisas denunciadas por aquele noticiário só que de forma indireta em seu cotidiano. O que o pai daquela criança fazia?
Resposta sugerida: Segundo a mãe daquela criança seu pai roubava o quanto podia na declaração de Imposto de Renda.

4. Como é chamado hoje o que se denominava Crônica na antiguidade?
Resposta sugerida: História..

5. Qual o nome do país onde Crônica se originou como uma literatura do cotidiano? Onde encontramos em grande quantidade esse gênero literário presente?
Resposta sugerida: França. Encontramos em revistas, mas é mais comum em jornais.

6. A crônica é um texto de caráter perpétuo? Explique.
Resposta sugerida: Não. Tal qual jornal e revista, que valem somente naquela data em que são publicados, e as crônicas neles escritos também passam a ser efêmeras, ou seja logo acabam por perderem o seu valor.

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