quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Areia de ampulheta:

Já que um grande grupo de umas cinco pessoas gostou do ultimo texto, resolvi continuar nesta mesma linha de pensamento e escrever sobre idéias que me vem num simples relance e me tomam grande parte do meu finito tempo em reflexões. Aquilo que penso, sinto, visto e tudo mais que se passa aqui dentro com neurônios e axônios em novas e complexas ligações.

Recentemente estive conversando com um amigo de sala sobre um assunto que me remeteu a um pensamento de Sêneca (e não soneca, o anão da branca de neve), filosofo espanhol, do sec. 4 AC, que além de escrever muito bem, tem uma visão peculiar sobre os aspectos da condição humana.

Em sua carta ao amigo Lucílio, Sêneca lhe faz uma reflexão sobre o tempo:

“...pensamos que a morte é coisa do futuro, mas parte dela já é coisa do passado. Qualquer tempo que já passou pertence à morte. Então caro Lucílio, procura fazer aquilo que me escreves: aproveita todas as horas; será menos dependente do amanhã se te lançares ao presente. Enquanto adiamos, a vida se vai. Todas as coisas, Lucílio, nos são alheias; só o tempo é nosso.”

Juntando isso com um trecho do mosaico de memórias do século XX, “Nós que aqui estamos por vós esperamos” composto por Marcelo Masagão. (Vídeo anexo) no qual cenas sobre os transtornos da guerra nos fazem refletir ainda mais sobre o que fazemos com o que temos de mais precioso. O nosso tempo de vida. E assim chega-se em uma conclusão.

Aproveite bem o tempo que lhes restam, não o desperdicem com coisas fúteis (funk, chapinha, Tititi, Vogue, Caras entre tantas outras porcarias) o tempo ainda continua sendo caro, raro, precioso e indispensável.

Mário Quintana em seu poema não nos deixa esquecer da nossa eterna companhia (eterna enquanto dure):

Minha morte nasceu quando eu nasci.

Despertou, balbuciou, cresceu comigo...

Não temos tempo a perder, ou melhor "Carpe Diem", colha o dia como se fosse um fruto maduro que amanhã estará podre. A vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente.

(http://www.rubemalves.com.br/carpediem.htm)

Frases do vídeo.

Tornamo-nos uma maquina de esperar. No momento esperamos a comida, depois será a correspondência e a qualquer momento uma bomba inimiga, que poderia acabar com nossa ansiosa e tediosa espera.

Heinrich Straden 1919-1942

Kamikaze, vento divino

“Papai, mamãe, me desculpem por ser um filho ingrato.

Não há pior desgraça do que um filho morrer antes dos pais, isso foge a ordem natural das coisas. No meu silêncio já refleti muito sobre o sentido e a finalidade desta guerra. Mas estar aí junto a vocês seria uma grande humilhação... (Imagem dentro de um avião preste a se lançar sobre um navio)

Kato Matsuda

1927-1945

... Conforta-me aquele velho ditado japonês:

...A morte é mais leve do que uma pluma. A responsabilidade de viver é tão pesada quanto uma montanha.”

Adeus, Kato.

Monge budista protesta contra a guerra do Vietnã.

Tashi Iungten

1925-1969

Chen Yat-sem, 1932-1998

Professor de literatura estudioso de Baudelaire.

Existem em todo o homem, a todo o momento, duas postulações simultâneas, uma a Deus, outra a Satanás. A invocação a Deus, ou espiritualidade, é um desejo de elevar-se; aquela a Satanás, ou animalidade, é uma alegria de precipitar-se no abismo.

Charles Baudelaire

Meu ser evaporei na lida insana

do tropel de paixões que me arrastava.
Ah! Cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
em mim quase imortal a essência humana.
De que inúmeros sóis a mente ufana
existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe Natureza escrava
ao mal, que a vida em sua origem dana.
Prazeres, sócios meus e meus tiranos!
Esta alma, que sedenta e si não coube,
no abismo vos sumiu dos desenganos.
Deus, ó Deus!... Quando a morte à luz me roube
ganhe um momento o que perderam anos
saiba morrer o que viver não soube.

BOCAGE

Nenhum comentário:

Postar um comentário