segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Professor ganha mais na rede pública

O professor de ensino fundamental da rede pública do País recebe, em média, um salário 11% maior do que o da rede privada. Quando se levam em conta os benefícios previdenciários do funcionalismo público, a diferença em favor das redes municipais e estaduais sobe para 38%. A constatação, que refuta um clichê comum na área, é explicada pela heterogeneidade das escolas particulares, que formam um conjunto bastante diferente das ilhas de excelência que se destacam no setor.

Em média, os professores da rede pública recebem R$ 9,40 por hora de trabalho e os da rede privada, R$ 8,46. Num cálculo de 40 horas semanais, o docente tem um salário médio de R$ 1.504 no ensino público e R$ 1.353 no particular. Lei que entra em vigor no ano que vem estipula o piso nacional do magistério em R$ 950, valor já cumprido por quase todos os Estados, mas ainda em defasagem em muitos municípios.

“Não estamos dizendo que os salários são justos, nem que os professores são bem pagos e não precisam de reajustes. Apenas mostramos que não é como todo mundo imagina”, explica a economista Kalinca Léia Becker, autora do estudo, feito na Universidade de São Paulo (USP). “Quando comecei a pesquisa, eu mesma esperava encontrar outro resultado, o que mostra que precisamos conhecer melhor esse universo para traçarmos políticas públicas efetivas”, diz.

Além de traçar as médias salariais com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, o trabalho comparou o rendimento do professor brasileiro com o de outras duas categorias de profissionais, justamente para ter uma base de comparação mais efetiva.

O resultado foi que o professor brasileiro recebe menos da metade do salário de um pesquisador da área científica com graduação, mestrado e doutorado. No entanto, seu salário é cerca de 5% superior ao rendimento médio de profissionais da área de serviço, com mais de dez anos de escolaridade.

“A diferença do salário do professor é que ele tem uma dispersão menor do que o de outras profissões. São todos valores mais próximos de uma média, sem diferenças entre maiores e menores”, explica a economista Ana Lúcia Kassouf, especialista em economia do bem-estar social da USP. Ela afirmar que essa pouca variação entre salários reflete falta de seleção entre profissionais bons e ruins e pode desmotivar aqueles que se empenham mais e fazem um melhor trabalho. (Da Agência Estado)

Carreiras são melhor organizadas nas escolas do governo

O professor da faculdade de educação da USP Ocimar Munhoz diz que as carreiras na rede pública são mais organizadas e têm alta empregabilidade. “O Brasil precisa de muitos professores. E no fim das carreiras os salários são mais altos do que no início, o que puxa a média para cima”, afirma. Na rede privada, predomina uma grande heterogeneidade. Há um universo restrito de colégios que cobram R$ 2 mil de mensalidade e pagam mais de R$ 5 mil aos professores. E muitas instituições pequenas, com pouca infraestrutura, mensalidades mais baixas e salários de cerca de R$ 700.

Para o coordenador de pedagogia da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul), Rômulo Nascimento, poderia haver a criação de um conselho de educadores, que ajudasse a traçar melhor o perfil, as características e das demandas da profissão . Apesar dos dados da pesquisa, a presidente do sindicato dos professores de São Paulo (Apeoesp), Maria Izabel Noronha, não acredita que os professores da rede pública ganhem, na média, mais do que os da rede particular. (AE)

Aumenta o número de vagas ociosas em universidade federal

No ano passado, 7.387 deixaram de ser preenchidas nos vestibulares do País

O número de vagas ociosas nos cursos de universidades federais subiu 117% em apenas um ano. Em 2008, 7.387 vagas oferecidas nos vestibulares não foram preenchidas, segundo o último Censo da Educação Superior. O governo Lula investe R$ 2 bilhões em um projeto de ampliação das federais. O número de lugares não ocupados representa a metade das vagas criadas no mesmo ano (14 mil) por esse programa de expansão.

Segundo especialistas, as vagas ociosas, além de representarem um direcionamento equivocado do governo, são mais uma demonstração da saturação do mercado do ensino superior brasileiro. Este foi o primeiro ano, desde 1998, que o número de universidades, faculdades e centros universitários diminuiu. Desde o fim dos anos 90, com a facilitação de concessões para abertura de universidades privadas, o sistema cresceu mais de 100%.

O número de universitários brasileiros chegou em 2008 aos 5 milhões, mas o ritmo do crescimento tem caído. As únicas áreas que ainda registram forte aumento são a educação a distância e os cursos tecnológicos.

“O MEC fez uma expansão desenfreada das universidades federais”, afirma o especialista em ensino superior Carlos Monteiro. “Não teve planejamento. Em algumas regiões o aumento era desnecessário, não havia demanda. Em outras, os cursos abertos não tinham atratividade.” Para ele, o problema vai se intensificar com a abertura de novas instituições em 2010, parte delas em regiões de fronteira ou no interior do Nordeste.

Estudo

A Secretária de Educação Superior do MEC, Maria Paula Dallari, reconhece que o número é significativo e diz que o governo está estudando as razões. As cerca de 7 mil vagas ociosas representam 4,3% do total de 169 mil oferecidas em 2008 pelas federais. Ela acredita que muitos estudantes não saibam ainda dos novos cursos, instalados em cidades pequenas, e defende campanhas sobre o programa. Segundo estimativas, cada vaga em uma universidade federal custa R$ 12 mil. O País tem hoje 57 federais, com 643 mil alunos. (Da Agência Estado)

Fonte: Correio Popular
Data: 29/11/2009

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